As moedas de Níquel rosa



Decreto-Lei nº 4.791, de 5 de Outubro de 1942
Institui o Cruzeiro como unidade monetária brasileira, e dá outras providências.

[...]Art. 3º As moedas metálicas corresponderão a 1, 2 e 5 cruzeiros, e a 10, 20 e 50 centavos[...]

Nota: O Decreto estabelece a liga metálica das moedas, sendo 880 ‰ de cobre e 120 ‰ de níquel para as moedas de centavos (cor rosa).
Moeda de 50 centavos, data 1943, com a cor rosa.
O Cruzeiro (CR$), também conhecido como Cruzeiro antigo foi a primeira moeda a utilizar os centavos no Brasil. Foi emitida em substituição ao padrão Réis, em vigor durante o período colonial, a Monarquia e também durante o início da República.

Vigorou durante o período compreendido entre 1/11/1942 e 12/02/1967, quando por conta da alta da inflação dos anos 50 e 60, houve a necessidade de modificar o padrão da moeda a fim de possibilitar uma contabilidade mais adequada das somas que estavam cada vez mais vultosas por conta do descontrole monetário.
Assim, foi criada a moeda transitória Cruzeiro Novo, que tinha o valor de 1.000 cruzeiros antigos e colocadas a circular até que as novas cédulas, lançadas em 1970 e emitidas pela Casa da Moeda do Brasil, entrassem em circulação.

O Cruzeiro (Cr$) foi a moeda do Brasil de 1942 a 1967; de 1970 a 1986 e, também, de 1990 a 1993. Sua adoção se deu pela primeira vez em 1942, durante o Estado Novo, na primeira mudança do padrão monetário no país, com o propósito de uniformizar o dinheiro em circulação. Um cruzeiro (1,00 CR$) equivalia a 1$000 (hum mil réis). Em seguida, o Cruzeiro passou por uma reforma monetária durante o governo Castelo Branco, sendo temporariamente substituído pelo Cruzeiro Novo. A moeda voltou a ser substituída pela equipe do presidente José Sarney, com o plano Cruzado; o Cruzeiro voltou a vigorar no governo Collor e foi definitivamente substituído pelo Cruzeiro Real em 1993.


Origem do nome

A primeira sugestão do nome Cruzeiro para a moeda no Brasil, foi feita pelo economista Carlos Inglês de Sousa em novembro de 1926, no seu livro Restauração da Moeda no Brasil, onde retomava sua preconização para a melhoria da moeda, já exposta em 1924 no seu outro livro A Anarquia Monetária e suas Conseqüências, onde propunha substituir a unidade réis (ou mil-réis) por outra denominada Cruzeiro. Trata-se da primeira referência direta e documentada ao nome da moeda em substituição ao Réis (mil-réis) então em circulação.


Decreto-Lei nº 5.375, de 5 de Abril de 1943

Modifica a composição e a tolerância na liga e no peso das moedas de 10, 20, e 50 centavos.
Art. 1º A partir da data da publicação do presente decreto-lei serão cunhadas em bronze de alumínio, com a composição de 90 % de cobre, 8 % de alumínio e 2 % de zinco, as moedas de dez (10), vinte (20) e cinquenta (50) centavos a que se refere o art. 3º do decreto-lei n.º 4.791, de 5 de outubro de 1942.
Parágrafo único. Em consequência do disposto neste artigo a tabela indicativa da composição, peso e tolerâncias das moedas de 10, 20 e 50 centavos, que acompanhou o citado decreto-lei n. 4.791, de 5 de outubro de 1942, fica substituida pela seguinte: Cobre 900 ‰, Alumínio 80 ‰ e Zinco 20 ‰.



A moeda de NÍQUEL ROSA.
Com base no Decreto-Lei nº 4.791, de 5 de Outubro de 1942, deveriam cunhar as moedas de centavos em uma liga de cobre (880 ‰) e Níquel (120 ‰), o que daria ao seu aspecto uma coloração rosa, como explicado anteriormente. Por outro lado, as moedas de 400; 300; 200 e 100 réis, de Getúlio Vargas, do decreto anterior, eram cunhadas numa liga metálica com 750 ‰ de cobre e 250 ‰ de níquel e, por isso, tinham uma coloração prateada (acinzentada).
As primeiras moedas de centavos de Getúlio Vargas seguiram a ordem de cunhagem em cupro-níquel, com 880 ‰ de cobre e 120% de níquel, ficando com a sua normal coloração rosa.

Sabe-se que após um decreto, são encomendados os discos para confecção das moedas. Assim, a primeira remessa de discos chegou com a liga estabelecida, todos com a cor rosa para as moedas de centavos de Getúlio Vargas. Esta é a explicação para as moedas de 50; 20 e 10 centavos com a data 1942 e a cor rosa.
Todavia, os fornecedores são vários e não um único. Com o avanço da indústria aérea, durante a segunda guerra mundial, o níquel era cada vez mais usado como revestimento de motores, devido a sua alta resistência à temperaturas (de fato, a guerra espacial também foi protagonista do grande utilizo deste metal) e em ligas para fabricação de componentes de armas. Assim, ordenaram aos fornecedores para trocar a liga dos discos a fim de economizar o níquel, metal necessário naquele momento decisivo para a Europa e demais nações aliadas.

Foi assim que em 1942, através do Decreto nr. 4.299, de 15 de maio deste ano, reduziram a quantidade de níquel da liga das moedas de 400; 300; 200 e 100 réis de Getúlio Vargas que passou de 250 ‰ para 120 ‰, redução compensada com o aumento da quantidade de cobre que passou de 750 ‰ para 880 ‰, o que acabou dando às moedas de 1942 - última data da cunhagem dessa série - a cor rosa. Esta é a explicação para a cor rosa das moedas de 400; 300; 200 e 100 réis de Getúlio Vargas, de 1942. Em outras palavras, possuem mais cobre e menos níquel do que a cunhagem original. Traduzindo, a cor rosa era excepcional, a variante, e não a cor normal em concordância com o estabelecido pelo decreto que as criou.

O mesmo não aconteceu com as moedas de centavos da série dos cruzeiros. A sua cor normal era a rosa, o que as diferenciava das outras da série, cunhadas nos valores 5; 2 e 1 cruzeiro, em metal amarelo.

Moeda de 50 centavos, data 1944, com a cor amarela.

A essa altura, com a entrada do Brasil na guerra, publicam o Decreto-Lei nº 5.375, de 5/4/1943 modificando a composição e a tolerância na liga e no peso das moedas de 50, 20, e 10 centavos que passaram a ter a mesma liga das moedas de 5; 2 e 1 cruzeiro, cujos discos, desde o início, eram confeccionados em bronze-alumínio (cobre 900 ‰, alumínio 80 ‰, e zinco 20 ‰), de cor amarela.

A partir dessa data, passam a encomendar os discos na nova liga. 

O novo decreto que mudou a composição metálica dessas moedas é de 5/4/1943. Entre a publicação desse documento e a chegada dos novos discos de cor amarela, a Casa da Moeda continuou cunhando sobre os discos que possuía, de cor rosa, usando os ferros de 1942 e os novos de 1943.

Finalmente chegam os discos novos, na cor amarela. A essa altura, a Casa da Moeda, em 1943, para as moedas de centavos, tem:

1) Cunhos usados, mas ainda bons, de 1942; e cunhos novos de 1943.
2) Discos de cor rosa da primeira encomenda; e discos de cor amarela da nova remessa.
Usando o cunho de 1942, até o seu fim, cunharam discos de cor amarela e de cor rosa que restavam. Com o fim dos cunhos de data 1942, passaram aos de data 1943, cunhando os últimos discos de cor rosa e prosseguindo a cunhagem sobre os novos, de cor amarela. Isso explica as moedas de 1942 e 1943, com as cores amarela e rosa.

Resumindo: As moedas de 50; 20 e 10 centavos, de 1942 e 1943, que possuem a coloração rosa são as do Decreto-Lei 4791 de 5/10/1942 (normais); sendo as amarelas de 1942, as variantes. A partir de 1943, as amarelas são as do novo Decreto-Lei 5375 de 5/4/1943. Nessa mesma data (1943), com a coloração rosa, são as moedas cunhadas pelo decreto anterior, de 5/10/1942.

Fonte: MBA Editora
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